terça-feira, 25 de maio de 2010


Caminhar sozinha.. em estradas íngremes e sinuosas...
Num deserto povoado...
Ter sede com águas límpidas que se enxerga ao longe...
Onde, por vezes, precisa-se de mãos entrelaçadas, apertando
a nossa, na cumplicidade da existência, do momento...
Do olhar, amigo, sereno, silencioso a dizer:
estou aqui com você!
Essas são as fases da vida... e, fico pensando,
que ainda têm pessoas que se acham únicas e poderosas,
que chegam a afirmar que não precisam de ninguém...
Eu preciso!
Muitos precisam!
Quando a vida vem, num repente,
e extirpa um pedaço da gente...
Como vento forte que desfolha a árvore...
Como chuva forte que, também de súbito,
invade um dia claro...
Como jardim florido, com habitantes sensíveis,
que é alvo de granizo...
Que será visto no outro dia pelo jardineiro,
que na cumplicidade do amor, o refará...
abraçará, dará o carinho em reciprocidade
do momento das flores...
E ele voltará a ser visto e admirado...
Olhar para um jardim viçoso é bálsamo para os olhos,
é ser feliz junto com a alegria dele...
Cuidar dele quando algo o atinge,
só para o jardineiro que o ama, que faz parte dele,
que se fez nele, que colocou nele o melhor de sua essência,
que fundiu sua habilidade e sentimento à sua beleza...
Ele chorará com as flores, cuidará delas,
segurando as mãos invisíveis, abraçando-as em silêncio,
olhando-as com o mesmo amor, silenciosamente,
traduzindo a segurança do renascer...
Mas, há de haver outros bálsamos...
Lá fora, o mar é azul e belo...
Outras flores nascerão, como presentes...
O céu transforma-se em sol...
Em brilho...
Em plenitude..
Vitória se tem..
O jardim foi recuperado,
e nós, bravamente, mesmo sozinhos,
conseguimos caminhar na estrada..
Vencer os obstáculos...
Continuar a vida...
E sermos mais fortes a cada dia...
Construindo e reconstruindo cada pedaço de vida...
Olhando-nos no espelho de nós mesmos
e refletindo a nossa existência...
De essência e fibra,
refletindo a força das águas,
a serenidade e sensibilidade das flores.

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