sexta-feira, 30 de setembro de 2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Vem ...



Vem ... 
Salva a minha alma desse escuro o qual hábito 
Vem ... 
Coloca um sorriso , mesmo que seja falso nos meus lábios 
Vem... 
Arranca do meu peito essa dor 
Vem...
Troca os meus gemidos de dores pelos de prazer 
Vem ...
Trás teu amor ... Teu vigor ... Teu gosto 
Vem... 
Não te prometo nada , apenas ser tua pelo instante que estivermos juntos 
Vem ...
Me livra do abismo que eu mesmo achei de me jogar 
Vem ...
Salva o meu ano apenas 
Vem ... 
Não faz nada , apenas me acolhe no teu peito 
Vem ... 
Não faz nada , apenas olha para mim 
Vem ... 
Enquanto existe fôlego em minha vida 
Vem ... 
Vem ... 
Nunca pensei que esse verbo fosse ter tanta significância para mim ... 

domingo, 25 de setembro de 2016

Momento por Ari Donato ...


 

 
Há momento que sinto saudade...
Da tua mão no meu corpo;
do teu corpo na minha mão.
 
Há momento que sinto desejo...
Do teu contato de carícia;
da carícia do teu contato.
 
Há momento que sinto falta...
Da macieza do teu ventre;
do teu ventre que amacia.
 

sábado, 10 de setembro de 2016

10 de setembro


"Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas, valem muito mais que isso...
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto. Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos. Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa? Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto..."

José Saramago

sábado, 3 de setembro de 2016



Eu tenho medos absurdos e coragens absurdas e eu tenho você. Eu tinha coragens absurdas e discursos prontos como quem sabe que precisa se salvar do fatídico cotidiano da entrega. Não é assim que a gente sabe da nossa morte? A gente se entrega àquele segundo de adrenalina correndo pela veia e de repente já não tem mais nada. Escuta aqui, eu dizia, escuta que é o fim da minha vida neste agosto macilento. 

Enumerando todos os meus medos em ordem não-alfabética, risível e perfeitamente humana, não tanto compreensível:

- Medo de não me encontrar estável daqui 10 anos. Medo do abandono de mim mesmo. Medo de não encontrar você daqui 10 anos. Medo de você ter se abandonado.

- Medo de não arrumar emprego ou não conseguir mais empreender ...Sabe como é, o mercado está difícil e a pressão cotidiana do trabalhe-mais-porque-é-preciso tem acabado com as minhas esperanças solúveis de paz. O capitalismo consome a nossa alma e a gente ri.

- Medo de não conseguir escrever. De parar, do nada. De simplesmente não conseguir colocar para fora todas as minhas conversas silenciadas pela agonia do planeta. Eu sinto medo de não conseguir expurgar todas as vezes que me doo, me atiro nas avenidas e não volto.

- Medo de pecar por excesso. De não voltar à tona e surtar. Eu tenho medo de surtar. Eu tenho muito, muito medo de surtar. 

- Medo de não conseguir sobreviver em paz, amando plena e cuidadosamente. Eu tenho medo de não conseguir amar. Você sente isso também? Às vezes, no meu quarto, bate uma secura na alma. Uma vontade de correr. Uma vontade de arrancar qualquer prenuncio que me diga que não sou capaz de amar. Mas se eu amei você, que me abandonou na margem da plenitude, por que não conseguiria amar outro e outro e outro?

- Medo dos sertões estarem dentro de nós.

- Medo do golpe. E são tantos: políticos, sentimentais, afetivos. Eu me lembro de você me preterindo às vezes ... Ainda dói.

- Medo do mundo. Da vida. Das pessoas que, depois do término, viram a cara e esquecem. Passam e já não conversam mais. Faz parte, elas dizem. Faz parte do círculo vicioso da nossa miserável condição fria e inumana.

Coragens tão tolas e medos tão absurdos e eu não tenho você. Isto aqui era pra ser um texto.