quarta-feira, 17 de julho de 2013


Quero só um pouco. Um pouco do impossível.

Sem anestesia


Hoje eu como todas as tuas vontades, conto cada pecado cometido até chegar em um denominador comum. Hoje meu sussuro toca sem medo cada curva da tua saudade. Hoje sobra coragem para esperar o amor.
Sem dor, com calor, talvez comigo. Ou como amigo. Hoje nossa certeza é composta por dois corpos. Meus dedos falam mais do que minha lingua em teus lábios. Todos.
Teu cheiro sacia nossa cama. Nosso carma, nosso kama. Sutura teu passado, que hoje eu inverto sem dó nem piedade todas as tuas roupas, tuas certezas. Teu tesão.
Hoje eu emendo teus sentidos. Hoje eu remendo cada ponto de tua imaginação com lençois, fronhas, laços e mordidas.
Sem anestesia, vou romper teus medos, comer tuas incertezas, deixar as algemas. E só pedir: Gema….

segunda-feira, 15 de julho de 2013

My Funny Valentine



My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart
You're looks are laughable,
Unphotographable
Yet you're my favorite work of art
Is your figureless than greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart
But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay
Each day is valentine's day

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ausencia



Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sem saco para título

O que seria de nós, não é, se fôssemos de facto felizes? Já imaginou como isso nos deixaria perplexos, desarmados, mirando ansiosamente em volta em busca de uma desgraça reconfortadora, como as crianças procuram os sorrisos da família numa festa de colégio? Viu por acaso como nos assustamos se alguém, sem segundos pensamentos, se nos entrega, como não suportamos um afecto sincero, incondicional, sem exigência de troca?" Antonio Lobo Antunes


Coração versus Razão. Fazemos essa dicotomia o tempo todo, atribuindo ao coração tudo que é mais confuso e tudo o que fazemos – e sentimos – mas achamos errado. Criamos uma guerra entre os dois e dizemos, na maior parte das vezes, que a Razão deveria vencer. Acirramos uma disputa imaginária na qual quem perde somos nós. Porque não somos só Coração nem só Razão, somos ambos e muito mais. E quanto maior é a oposição, mais difícil é amar e viver sem drama. O amor não é confuso, nós é que criamos a confusão. Há alguns meses li uma frase do Lobo Antunes que me marcou: “O que seria de nós, não é, se fôssemos de facto felizes?” Acho que ele pegou um ponto crucial quando falou isso. Nós gostamos da confusão. Gostamos até de não sermos correspondidos no amor, ficamos entediados se tudo dá certo demais. Já pensei que isso tem a ver com o masoquismo intrínseco de cada um de nós, com a tendência do humano de destruição, e mil outras hipóteses. Não consegui chegar a nenhuma conclusão definitiva, mas o que percebi é que de fato não conseguimos ficar muito tempo na tranqüilidade. Sei que várias pessoas vão discordar, achar que estou exagerando, que não é bem assim, mas é o que eu acho e o que eu vejo em mim e à minha volta. Coração/Razão é só um dos pares de opostos que adoramos cultivar. Poderia falar também de Mente/Corpo, por exemplo, mas no fundo é a mesma coisa: nós e nossa impossibilidade de aceitar as coisas como elas são. Há momentos em que acho isso péssimo, penso que é ruim e que deveria levar a vida de uma forma mais simples. Em outros questiono se essa almejada simplicidade não é apenas um ideal, e outra oposição que crio para não ficar satisfeita com o que já é. Ao escrever satisfeita, outra dimensão me toma, a de que tanta confusão nasce justamente dessa insatisfação inerente ao ser humano, e que não há como remediar algo que é próprio da nossa constituição. Não há satisfação plena, ao menos não enquanto estamos vivos, e é só isso que interessa. Então talvez, mais do que tentar eliminar as oposições e confusões, bastasse apenas ter coragem suficiente para viver com tudo isso. Outro dia escrevi que o amor é para heróis, querendo dizer que é muito mais fácil tentar se proteger e se esconder por medo de sofrer, e que para amar – não apenas se entregar, se apaixonar, mas viver o amor todo dia – é preciso muita coragem. Amar talvez seja isso, então, ter coragem para enfrentar a confusão. Ou talvez isso seja viver.

de repente ... fim

 
De repente fim. Eu sem ter você, você sem ter a mim, e esta coisa frágil fica em pedaços no chão, caída como uma morta que nunca gozou a vida. Ingrata coisa é essa, que enterra com as patas traseiras os cacos que não podem se defender do destino no fundo de um cesto de esquecimento. Não há cola que conserte as trincas, nem mãos diligentes o suficiente para catar os menores fragmentos dos vãos dos tacos. Pedaços eternamente faltarão, assim como fará falta na estante tão lindo ornamento. Olhando mais de perto é possível ver a silhueta que o pó deixou na madeira que envelheceu ao redor da peça de porcelana, deixando evidente uma pequena ilha de novos ares a tanto escondida debaixo de anos de esquecimento, sendo ela tão valiosa e tão sensível que nem mesmo com espanador era permitido tocá-la. O dono chorará sua perda, lembrará do quanto lhe foi caro adquirí-la ou até mesmo da tamanha estima que lhe tinha por ter sido um presente tão raro, atribuindo-lhe significados inexistentes até a consciência de tê-la perdido para sempre. Cessarão as lágrimas dentro em pouco, alguma outra velharia tomará o lugar marcado pelas arestas de algo antes tão belo, e esta nova alegoria logo se tornará tão velha quanto a anterior, irrelevante até ser derrubada no chão por uma limpeza desastrada. E as marcas acumular-se-ão, uma após a outra, deixando no centro de todas elas uma mancha muito menor e mais clara do que todas juntas, até que ali não exista mais traços do antigo vaso presenteado por já não se sabe mais quem, perdido na completude de sua total e atual inexistência.

texto sem título


Não basta amar…
É necessário ser dramático
Desesperado
E loucamente apaixonado.
Precisa ter aquela cara de atordoado de quem voltou à meninice e encontrou o que procurava. Ficar um pouco perdido viajando em lembranças que aconteceram pela manhã. Precisa ter saudade de apertar o peito, esvaziar o cérebro e causar dores lombares. Amor físico, químico, corporal... De quem já padeceu de saudade, da distância e da vontade louca de correr e dar um beijo. O amor não tem medida e só é morno quando não é amor.

Amor precisa ser carregado
Vai te deixar tonto
Desorientado…
E você pode estar há 50 anos casado
Que o mais-que-amor dura,
Inclusive no roubo do contador.


Amor não acaba por dinheiro, não tem preço nem se encontra em prateleira de liquidação. Tem que ter paixão! Não adianta ser comedido, ter medo de esgotar ou sufocar... Respiração, sopro de mar em concha de beira, contar deitado na grama uma-duas-três estrelas. Abraços de pernas, sorrisos de cantos e novamente... Respiração.

O amigo pode insistir
Que o amor basta…
E eu digo:
Se for só amor, acaba.


Amamos os amigos, os pais, os filhos os irmãos. Conseguimos amar a natureza, uma árvore, sorvete de chocolate e até a roupa de cama nova. Amamos porque gostamos, é fácil amar e desamar. E aí meu amigo... Entra a paixão, amar-paixão nunca é em vão é clichê dos bons, poesia de rima clara, rica e pobre, versos desapegados e colocados no bate-bate do peito, no arrepio do braço e sorriso de pentear cabelo olhando para o espelho.

Por que o desafio do amor
não é escutar eu te amo
Todos os dias
E sim
Não trocar o olhar apaixonado
Pelo olhar de “bom dia”.


E eu me apaixono todos os dias na hora do café, na preguiça da matina. Despertador apaixonado... Cuidado do outro, lembrança dos primeiros encontros e o arrepio que anuncia. Não te desejo bom dia e sim paixão... Pela nossa vida, pela rima de olhares. Desejo poesia.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

das coisas que precisam ser ditas...

                             
                         (minha alma precisa te dizer coisas
as quais me parecem não querer ser comunicadas
- pela palavra, soariam vagas e dúbias
- pelo corpo, violentas e sem a sutileza que exigem.
resta-me desejar, na esperança de um meio-termo,
que os teus olhos compenetrados e febris
alcancem nos meus,
como que por sintonia mágica e muda,
a revelação secreta e contundente
da notícia que nem mesmo eu sei me dar.)

do amor conhecido...


e se você não tivesse me segurado a mão
com a delicadeza de quem lhe conhece as feridas antigas,

e se você não me dissesse da emoção dos teus olhos
sempre que eles me alcançavam os lábios,

e se você não me ensinasse que a saudade
nos mata antes um pouco como preço para ser morta,

e se você não me causasse tantos clichês irritantes

e palavras e sentires que eu jurei jamais usar,

e se teu beijo não tivesse me ensinado a tua língua,
fazendo-me, sem ela, estrangeira no meu próprio corpo-pátria,

teria eu conhecido o amor?
Escrever é uma maldição que salva... que me salva...

A letra A


A letra A do seu nome
Abre essa porta e entra
Na mesma casa onde eu moro
Na mesa que me alimenta
A telha esquenta e cobre
Quando de noite ela deita
A gente pensa que escolhe
Se a gente não sabe inventa
A gente só não inventa a dor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor

14/02/13

...e que a minha loucura seja perdoada...porque metade de mim é amor ...a outra metade também...