terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Meditando..


Foto tirada literalmente na cela rsrsrs ( São João) presa , esperando que fossem pagar minha fiança



É incrível isso...quando estou em momentos intranquilos corro para o meu livro predileto " Tranquilidade de coração" de um monge beneditino " Anselm Grum"...o livro é perfeito demais e parece q é tudo q sonho na vida e não consigo alcançar...vou postar um trecho aqui q achei bem interessante...

Permanecer na cela

"Um importante caminho para a tranquilidade no monacato é a perseverança na cela. Os eremitas que moravam e trabalhavam em suas celas sentiam, muita vezes, a tentação de fugir de sua solidão e se fazer úteis para o mundo. Aí poderiam visitar doentes, ajudar os pobres. No mundo cumpririam o mandamento de Cristo. Mas no deserto sua vida corria sem que ninguém percebesse. Isso não faz sentido. Os monges conhecem os pensamentos que podem empurrá-los para fora da cela. Mas o conselho é sempre este: "Vai para tua cela, senta-te, e a cela tudo te ensinará"( Ap 500). Absolutamente não preciso ser devoto em minha cela. Não preciso rezar, nem jejuar. Mas não posso lançar meu corpo para fora das paredes da cela, como está escrito num dito dos padres. Quando exteriormente persevero em minha cela, meus pensamentos também entram em ordem. Encontro minha própria verdade, que no início não será agradável. No entanto, se não saio correndo, mas permaneço e examino os pensamentos perante Deus, eles perdem seu poder sobre mim e logo se dissolvem e se apaziguam. A 'stabilitas' externa, o permanecer exterior, produz aos poucos uma estabilidade interna, uma firmeza e uma tranquilidade internas.Hoje há inúmeras possibilidades de fuga. Basta entrar no carro e ir para outro lugar. Ou nos sentamos na frente da televisão e somos, mesmo entre nossas quatro paredes, levados para o estrangeiro, que nos dispersa, nos afasta de nós mesmos. Pascal já tinha deplorado que ninguém mais consegue ficar sozinho em seu quarto. E via nisso a maior desgraça de sua época. O que Pascal diria hoje, quando existem bem mais possibilidades de fuga do que no século XVII? Tolerar a si mesmo, sem se dispersar, sem mesmo ler um livro, simplesmente não é fácil. Pensamos talvez que poderíamos aproveitar o tempo e estudar alguma coisa. Ou poderíamos finalizar algo que deixamos pela metade. Mas permanecer na cela significa não fazer absolutamente nada, simplesmente sentar-me e perceber-me perante Deus."


"O que aflora em mim? O que me ocupa realmente? O que agita interiormente? Talvez eu sinta raiva, medo ou infelicidde. Os monges comparam sua prática com a do pescador. Este se senta calmamente à beira da água e espera até que apareça um peixe. Então o apanha e o joga na terra. Do mesmo modo, o monge deve permanecer sentado e vigilante às margens do mar de seu coração e esperar até que os peixes de seus pensamentos e emoções venham à tona. Então pode apanhá-los e jogá-los fora. Mas aquele que, com tranquilidade, observa a água de seu coração, não só apanha os peixes que aparecem como também pode se olhar a si mesmo como num espelho. Foi isso o que um ermitão mostrou a suas visitas que pretendiam provocá-lo, dizendo que sua permanência na solidão era inútil. Ele as levou até seu poço. Em seguida, jogou uma pedra no poço e convidou suas visitas a olhar dentro dele. Vêem apenas ondas. Então ele as faz esperar, até que tudo se acalme. Agora elas se vêem como num espelho. Apenas quem tem a coragem de permanecer em sua cela e, em silêncio, olhar no espelho de sua alma e suportar sua verdade perante Deus encontra o caminho para a verdadeira tranquilidade."

****do livro de Anselm Grun "Tranquilidade do Coração", pg 83 a 86,ed.Loyola

2 comentários:

Ella disse...

Os eremitas que moravam e trabalhavam em suas celas sentiam, muita vezes, a tentação de fugir de sua solidão e se fazer úteis para o mundo. Aí poderiam visitar doentes, ajudar os pobres. No mundo cumpririam o mandamento de Cristo. Mas no deserto sua vida corria sem que ninguém percebesse. Isso não faz sentido

...eu acho q escreveram isso para mim =((

Anônimo disse...

Manu
É incrível como seu corpo não combina com sua mente...Vc parece que foi feita para outro mundo, eu admiro vc, sua fé, sua dedicação, postura, apesar de ser agnóstica rsrsrs
O texto é interessante! gostei!
Um abraço

Lay