segunda-feira, 29 de agosto de 2016

29.08.16 -- 16:30 --


Põe a mão aqui - sem querer te sufocar, essa vida anda me matando. Eu não quero romantizar, já chega os filmes água com açúcar nos cinemas apertados com cheiro de manteiga quente e uns ‘smack, smack’ pra lá e um barulho de cuspe pra cá, e todos os casais que se amam em grande volume e estranho exibicionismo. Eu devo ter uns 40 graus de febre porque sinto cada pedaço ferver como se eu fosse um vulcão ameaçando, ameaçando, agora não, eu jurei que nao ... Não dessa vez!!! 
Põe a mão na cratera que é ter tanto gostar implodido e tão pouco espaço para ser.
 Me dê qualquer amuleto, pedra, folha verde, trevo, santinho, pra que eu possa segurar sem achar que qualquer tremor é queda. Me diz como você faz com isso de sorrir grande e falar baixinho e amar sem medo e dizer que os casais são até bonitos e esse cheiro tem lá seu significado  e que depois vamos rir, e eu já quero saber quando.

Põe a mão aqui. Garganta fervendo, espera maldita, pessimismo entalado na artéria principal que liga a minha realidade e o mundo, eu não tenho o tamanho que pareço e me encolho para qualquer possibilidade despretensiosa que surge através das palavras. Não me adianta as igrejas, os livros de auto-ajuda, as reuniões de quinta-feira, esses filminhos água com açúcar, essa mão subindo no peito, encaixando no vão, o taquicardia que vai acontecendo sem você se assustar. Fervendo, fervendo, o que você dizia mesmo? Paz mundial, paz ... manteiga, moral, reza, amuleto, paz ...gangrena, taxímetro, vértebra? 
Deixa eu amolecer aqui mesmo e adorar todo esse momento em que você põe a mão e me deixa respirar... 


Nenhum comentário: